

Burnout em alta: como o RH pode prevenir afastamentos em 2025
Só em 2024, 470 mil trabalhadores foram afastados de seus postos de trabalho devido a transtornos mentais. Destes, 4.000 foram em decorrência do burnout. Ainda que o número não pareça expressivo, é fundamental destacar que este dado representa apenas os casos oficialmente registrados com afastamentos superiores a 15 dias, segundo critérios do INSS. Especialistas alertam que o número real é significativamente maior devido à subnotificação, pois muitos colaboradores continuam trabalhando mesmo em situação de esgotamento extremo. É preciso considerar que, apenas na última década, os afastamentos por exaustão profissional pelo INSS cresceram quase 1.000%. Inclusive, especialistas estimam que 40% das pessoas economicamente ativas sofram de burnout.
A OMS estima que o burnout afeta milhões de trabalhadores em todo o mundo, sendo reconhecido globalmente como uma ameaça crescente à saúde mental e à produtividade nas organizações.
Conforme reportagem do G1, o Brasil vive a maior crise de saúde mental da última década. Já a epidemia de burnout vem afetando cada vez mais a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores.
Afinal, o que define o burnout e por que ele ainda é subnotificado?
A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de exaustão física e mental intensa, geralmente provocado por situações de trabalho emocionalmente desgastantes e estressantes. O termo, em inglês, significa algo igual a “queimar até o fim”, o que ilustra bem a sensação de estar completamente esgotado, sem energia física ou emocional para seguir com as atividades do dia a dia.
Sinais de alerta incluem:
- Exaustão física e mental constante;
- Sensação de ineficácia ou fracasso;
- Distanciamento emocional do trabalho;
- Queda brusca de produtividade;
- Irritabilidade, ansiedade ou apatia;
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-11, código QD85), da Organização Mundial da Saúde (OMS), importante esclarecer que, de acordo com a CID-11, o burnout não é classificado como uma doença, mas como um fenômeno ocupacional. Isso significa que ele está diretamente relacionado ao contexto de trabalho e não a condições clínicas ou transtornos psiquiátricos isolados. Ele é resultado de um estresse crônico que não foi adequadamente gerenciado e pode afetar não só a produtividade, mas também a saúde física e emocional do colaborador.
Principais fatores organizacionais que desencadeiam o burnout
O burnout é uma síndrome multifatorial, mas há gatilhos comuns no ambiente corporativo que podem ser evitados. Veja os principais:
Carga de trabalho excessiva
- Excesso de metas, prazos e acúmulo de funções.
- Sensação constante de estar devendo e insuficiente.
Falta de reconhecimento
- Esforços não valorizados.
- Ausência de feedbacks positivos.
Comunicação ineficaz
- Metas confusas, prioridades desorganizadas.
- Ruídos internos e insegurança na troca de informações.
Liderança despreparada
- Falta de escuta, empatia e acolhimento.
- Gestores autoritários ou ausentes.
Clima organizacional tóxico
- Competição desenfreada, fofocas, ausência de confiança.
- Falta de segurança psicológica.
Desequilíbrio vida pessoal e profissional
- Cultura do “sempre online”.
- Falta de respeito ao descanso e desconexão.
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Como o RH pode atuar na prevenção do burnout?
É papel do RH, portanto, ampliar o entendimento dentro da empresa sobre o que é burnout, por que ele não deve ser ignorado. Além de uma questão de bem-estar, prevenir o burnout é também uma exigência de compliance trabalhista e responsabilidade social. Empresas comprometidas com boas práticas de ESG (ambiental, social e governança) precisam incluir a saúde mental como pilar estratégico, evitando riscos jurídicos, danos reputacionais e custos elevados com turnover e afastamentos. Reconhecer a síndrome como um problema real e crescente é o primeiro passo para construir uma cultura organizacional mais empática, saudável e produtiva.
Cuidar da saúde mental no trabalho deixou de ser apenas uma ação de bem-estar. É também um pilar essencial das práticas de ESG — Ambiental, Social e Governança. Empresas que ignoram os impactos do burnout, correm riscos não só trabalhistas, mas também reputacionais e operacionais.
Para enfrentar o burnout, o RH precisa combinar estratégia, escuta ativa, dados e tecnologia. Veja os pilares da prevenção eficaz em 2025:
1. Monitoramento ativo do clima organizacional
Use pesquisas de clima e plataformas de controle de jornada para identificar padrões prejudiciais, como horas extras frequentes ou ausência de pausas.
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2. Canais de escuta acessíveis e seguros
- Espaços anônimos e canais digitais que incentivem o diálogo franco sobre saúde mental.
3. Treinamento contínuo de líderes
- Desenvolva competências de empatia, escuta ativa e leitura de indicadores de sobrecarga emocional.
4. Políticas consistentes de bem-estar
- Incentive pausas, desconexão fora do expediente, equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
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5. Ajustes estruturais na carga de trabalho e nas práticas organizacionais
Prevenir burnout não se resume apenas a escuta ativa e programas de bem-estar. É essencial revisar as cargas de trabalho, ajustar metas para que sejam realistas e implementar jornadas flexíveis sempre que possível.
Outro ponto relevante é a adoção de licenças psicoemocionais curtas, antes que o problema escale para afastamentos longos e mais onerosos para ambas as partes. Essas ações concretas, quando combinadas com uma cultura organizacional saudável, demonstram comprometimento genuíno da empresa com a saúde mental dos seus colaboradores.
6. NR-1 atualizada: riscos psicossociais no PGR
A partir de 26 de maio de 2025, a NR-1 passou a incluir oficialmente os fatores de risco psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
Durante o primeiro ano, o Ministério do Trabalho e Emprego atuará de forma educativa. A fiscalização com possibilidade de penalização começa em maio de 2026. A gestão deve ser integrada com a NR-17, através de Avaliação Ergonômica Preliminar e Análise Ergonômica do Trabalho.
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O burnout não é apenas uma condição clínica, mas um alerta organizacional. Ele sinaliza que há falhas na cultura, na liderança e na forma como a empresa cuida de sua gente. O papel do RH, em 2025, vai além do cuidado — ele é protagonista na construção de ambientes saudáveis, produtivos e humanos.
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FAQ – Perguntas frequentes sobre burnout nas empresas e o papel do RH
1. O que é burnout segundo a OMS?
O burnout é um fenômeno ocupacional, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da OMS. Ele resulta de estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi gerenciado com sucesso, levando à exaustão física, mental e emocional.
2. Burnout é considerado uma doença?
Não. O burnout não é classificado como uma doença, mas como um fenômeno ocupacional. Isso significa que está diretamente relacionado ao contexto profissional e não a transtornos psiquiátricos.
3. Quais os principais sinais de que um colaborador está em burnout?
- Cansaço extremo e constante;
- Queda na produtividade;
- Desmotivação e distanciamento das tarefas;
- Irritabilidade, ansiedade ou tristeza;
- Dificuldades de concentração;
- Aumento no absenteísmo e nas solicitações de afastamento;
4. Quais fatores no ambiente de trabalho contribuem para o burnout?
- Carga de trabalho excessiva;
- Metas inatingíveis;
- Falta de reconhecimento;
- Comunicação ineficaz;
- Liderança tóxica ou despreparada;
- Clima organizacional negativo;
- Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional;
5. Como o RH pode prevenir o burnout?
- Monitorando o clima organizacional com pesquisas e dados;
- Estabelecendo canais de escuta seguros e anônimos;
- Treinando líderes para reconhecer sinais de esgotamento;
- Implantando políticas de bem-estar e equilíbrio vida-trabalho;
- Fazendo ajustes reais nas cargas e metas;
- Oferecendo apoio psicológico e flexibilização de jornadas;
6. A empresa pode ser responsabilizada por casos de burnout?
Sim. Se ficar comprovado que o burnout decorre de condições inadequadas de trabalho, a empresa pode ser responsabilizada judicialmente, além de enfrentar impactos na reputação e na retenção de talentos.
7. Como a tecnologia pode ajudar na prevenção do burnout?
Ferramentas de controle de jornada e plataformas de RH ajudam a monitorar indicadores como excesso de horas extras, absenteísmo e padrões de comportamento. Esses dados são fundamentais para agir preventivamente e melhorar a gestão de pessoas.
8. Existe legislação específica no Brasil sobre burnout?
O burnout é reconhecido como fenômeno ocupacional pela CID-11 desde 2022 e passou a valer no Brasil em 2025. Não há uma lei específica, mas ele é enquadrado como doença ocupacional quando comprovado o nexo com o trabalho, gerando direitos como estabilidade e indenização.
9. É possível reverter o burnout sem afastamento?
Sim, desde que identificado nos estágios iniciais. Com intervenções adequadas — como redução de carga, apoio psicológico e mudanças na gestão — é possível evitar que o problema evolua para afastamentos prolongados.
10. Qual o primeiro passo para combater o burnout na empresa?
O primeiro passo é reconhecer que o burnout é um risco real e criar uma cultura de cuidado. Isso inclui mapear riscos, treinar lideranças, revisar cargas de trabalho e investir em ferramentas tecnológicas que ajudem o RH a atuar de forma preventiva.
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