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Políticas de namoro no trabalho: o que as empresas precisam
Publicado 12.06.2024 em Gente e Gestão

Políticas de namoro no trabalho: o que as empresas precisam

São 8 horas por dia e 5 dias na semana, no mínimo. Este é o tempo que a maioria das pessoas passa se dedicando ao trabalho, interagindo com colegas, subordinados e superiores. No geral, inclusive, o convívio é maior com eles do que com outros círculos sociais. Ou seja: é compreensível que homens e mulheres se apaixonem dentro da empresa. Entretanto, pelo ponto de vista do empregador, é essencial criar políticas para relacionamentos amorosos no trabalho para fazer a gestão de relacionamentos internos e evitar problemas.

Pode ser que um desentendimento pessoal afete a relação durante o expediente ou que o término cause conflitos. Por outro lado, em alguns casos, o parceiro acaba sendo privilegiado sem nenhum tipo de motivo profissional. Logo, é da responsabilidade do RH criar regras e diretrizes que orientem os colaboradores. Tudo isso, é claro, sem prejudicar o romance que acaba de nascer. Quer saber mais sobre o tema? Leia abaixo!

Políticas de namoro no trabalho: entenda o que o RH pode fazer na gestão de relacionamentos internos

Seja em um happy hour, seja em uma troca de mensagens que começa sem intenções ou, ainda, pela convivência diária. A verdade é que é extremamente comum que as pessoas criem relações românticas no meio profissional. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, pela SHRM (Society for Human Resource Management), confirma essa afirmação.

O levantamento mostra que cerca de 27% dos trabalhadores nos EUA estão ou já estiveram em um romance no local de trabalho. Desses, 79% namoraram colegas, 18% superiores e 10% subordinados.

Diante desse cenário, como o RH deve proceder? O que a lei diz sobre o assunto? 

Segundo o Artigo 5º da Constituição Federal: “Inciso X: São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”

Essa proteção significa que as empresas não podem interferir na vida pessoal de seus funcionários além do necessário para o exercício de suas funções profissionais. Portanto, as corporações não podem impedir que os funcionários desenvolvam relações pessoais ou íntimas, desde que isso não interfira no ambiente de trabalho ou nas funções profissionais desempenhadas. Portanto, não há motivo para demissão por justa causa.

A demissão por justa causa é prevista no Artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) do Brasil, que especifica várias condutas que podem justificar a rescisão do contrato de trabalho pelo empregador. No entanto, o fato de um funcionário estar em um relacionamento amoroso com outro colega, por si só, não é motivo suficiente para a demissão por justa causa. A demissão por justa causa deve ser baseada em comportamentos que violem diretamente as normas da empresa ou a legislação trabalhista.

Artigo 482 da CLT – Motivos para demissão por justa causa incluem:

– Ato de improbidade;

– Incontinência de conduta ou mau procedimento;

– Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador;

– Condenação criminal do empregado;

– Desídia no desempenho das respectivas funções;

– Embriaguez habitual ou em serviço;

– Violação de segredo da empresa;

– Ato de indisciplina ou de insubordinação;

– Abandono de emprego;

– Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa;

– Prática constante de jogos de azar.

Se um relacionamento no trabalho resultar em comportamento inadequado, como favoritismo, desídia, atos de indisciplina ou qualquer outra conduta que se encaixe nos motivos listados no Artigo 482 da CLT, isso pode sim justificar a demissão por justa causa. Portanto, não é o relacionamento em si que leva à demissão por justa causa, mas sim as consequências dele, caso estas venham a prejudicar o ambiente de trabalho ou o desempenho profissional do colaborador. 

Contudo, é crucial que sejam feitas políticas de namoro no trabalho. Assim, é possível fazer a gestão de relacionamentos internos e garantir que ninguém saia prejudicado. Nem a empresa, nem os colaboradores envolvidos, nem outros membros do time.

Seguindo nessa linha, a equipe de Recursos Humanos é capaz de evitar grandes dores de cabeça. Principalmente, quando falamos de diferentes posições hierárquicas, uma vez que um líder pode privilegiar o seu par, ou mesmo que não o faça, o fato de se relacionarem pode acabar gerando intrigas entre os funcionários. Confira algumas adversidades recorrentes com quem namora um colega de trabalho:

– comportamentos inadequados durante o expediente ou na frente de clientes;

– picuinhas ou falhas de comunicação devido a brigas ou términos;

– dificuldade em dar feedbacks sinceros;

– tratamento diferenciado;

– falta de produtividade;

– decisões imparciais;

– competição tóxica.

Saiba como criar políticas de namoro no trabalho

Sim, há algumas empresas que não apoiam a constituição de casais em seu quadro de funcionários. Muitas vezes, elas acabam desligando um dos profissionais ou transferindo-o para outra unidade. Por mais que a preocupação seja coerente, visto todos os problemas que citamos anteriormente, existem modos de não prejudicar os negócios e manter o relacionamento.

Para tal, é fundamental deixar todas as políticas de namoro no trabalho muito evidentes. Explique o que é permitido e o que não é permitido, além de deixar claro quais são as penalidades em casos de descumprimento. Por outro lado, flexibilize o que faz sentido para os colaboradores, desde que não prejudique o rendimento. Um bom exemplo é agendar as férias ao mesmo tempo ou criar horários de trabalho semelhantes.

Dessa forma, a empresa não só estabelece limites claros, mas também abre espaço para que os profissionais se sintam felizes em sua ocupação. Eles acreditam que a empresa se importa com seu bem-estar. A seguir, veja dicas certeiras para fazer a gestão de relacionamentos internos na sua empresa!

1. Exija que os relacionamentos sejam reportados

O primeiro passo é desenvolver uma relação sincera e transparente com os colaboradores. Diante disso, sempre que um novo relacionamento sério começar, é indispensável que o RH e o gestor direto sejam informados. Consequentemente, caso o relacionamento venha a terminar, a empresa precisa ficar sabendo.

Manter o romance escondido pode quebrar a confiança profissional entre os envolvidos. Além disso, pode causar um ambiente de trabalho desconfortável para os demais funcionários. Por fim, estando a par dos acontecimentos, o time de Recursos Humanos pode acompanhar mais de perto a situação em busca da satisfação de todos.

Leia no blog: Promoção da Saúde Mental no trabalho: estratégias para ambientes saudáveis e produtivos.

2. Explique sobre comportamentos inadequados

Já sabemos que não se pode proibir que os “pombinhos” criem uma relação. Entretanto, é importante compor uma gestão de relacionamentos internos com regras que serão seguidas durante o expediente dentro da empresa. Assim, evita-se constrangimento com todos os stakeholders. Ou seja, é neste momento em que você desenvolverá a parte principal das políticas de namoro no trabalho.

Esclareça sobre comportamentos que não são aceitáveis, como beijos e abraços amorosos na frente de clientes e de colegas. Além de atrapalhar a produtividade, essa conduta passa uma imagem que não é profissional.

Igualmente, pontue que a relação pessoal deve ser o foco somente fora da corporação. Por isso, e-mails carinhosos, encontros nos corredores ou brigas não são permitidos. Aqui, vale ainda trabalhar lado a lado com o compliance para relembrar os conceitos de assédio. Isso porque o assédio pode ocorrer entre duas pessoas com grande intimidade.

Ainda que seja uma conversa mais séria, os líderes e o RH podem levá-la de maneira leve e tranquila. Desse modo, os colaboradores não ficam receosos de serem demitidos, sentem-se apoiados e ficam mais dispostos a seguir o combinado.

3. Comunique as políticas de namoro no trabalho

Após fazer a gestão de relacionamentos internos e criar as políticas de namoro no trabalho, é crucial comunicá-las de forma clara e abrangente para toda a empresa. Utilizar plataformas de comunicação interna é essencial para garantir que todos os colaboradores estejam informados e alinhados com as diretrizes. A CERTPONTO oferece uma solução inovadora para isso, permitindo que você envie comunicados de maneira eficiente e personalizada para todos os membros da equipe. Com a plataforma da CERTPONTO, você pode agendar mensagens, segmentar o público-alvo e acompanhar o engajamento dos colaboradores, garantindo que as políticas sejam não apenas conhecidas, mas também compreendidas e respeitadas por todos. Não deixe que a falta de comunicação prejudique o ambiente de trabalho – com a CERTPONTO, você tem a ferramenta certa para manter sua equipe informada e motivada.

4. Deixe claro tudo que pode causar demissão por justa causa

Por mais que o relacionamento em si não possa causar demissão por justa causa, uma má conduta oriunda dele, pode. Mentiras, realização de atitudes já proibidas, insubordinação, ofensas, entre outros. Logo, ao anunciar o namoro, o casal precisa ser informado do que pode causar seu desligamento.

5. Oriente também o restante da equipe

Para finalizar, faz parte da gestão de relacionamentos internos a orientação da empresa como um todo sobre a política de namoro no trabalho. Isso porque, mesmo que não esteja em um relacionamento, outros funcionários podem ter problema com quem está. É comum ter relatos de retaliações, discriminações, piadas ou outros tipos de situações inoportunas.

Agora que finalizamos este tema, que tal entender como um comitê de diversidade e inclusão impulsiona o sucesso da sua empresa? Até a próxima!

Referências adicionais:

– Demissão por justa causa: CLT Art. 482.
– Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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